terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Dica de leitura: “Nietzsche Psicólogo - A Clínica à Luz da Filosofia Trágica”, de Simone Mainieri Paulon. Editora Sulina.

Recebi essa bela coletânea de textos que nos leva à compreensão de muitos aspectos emocionais à luz da psicanálise e quero compartilhar com vocês!

O livro nos faz refletir quanto às idéias filosóficas e confronta os pensamentos de Nietzsche e Freud nos fazendo pensar sobre temas diversos, mas inerentes à alma humana.
Como é um livro que trata que questões psicológicas e filosóficas, os ensinamentos poderão ser interpretados de formas diversas por cada leitor. Passo a falar do que me tocou e do que percebi com a leitura da obra - lembrando que cada um sente e entende de acordo com sua vivência, carga de emoções e conhecimento.
Na leitura dos textos, percebemos que as respostas aos mais diferentes questionamentos estão acessíveis em nossa alma, bastando buscar e projetar os caminhos e métodos de pensar da psicanálise e da filosofia.
Eu não sou o que se diria uma 'entendida' da área, então pra mim foi muito enriquecedor e passo a comentar alguns pontos interessantes que você poderá aprofundar, concordar ou discordar, como a afirmação de que a doença, o sofrimento e o ressentimento não têm apenas o lado ruim.

A dor pode ser a alavanca para novos rumos e para o renascimento, sendo indispensável permitir-se viver tanto as alegrias como as tristezas e frustrações. Assim aprendemos a lidar com os problemas e as culpas associadas e que nem sempre são reais, podendo então nos libertar.

Inclusive a obra traz a construção dos mandamentos da psicanálise trágica, explicando os mandamentos, como “Acolher a dor e o sofrimento como partes integrantes da vida, tanto quanto o prazer e a alegria”. Parece impossível, mas somente quando acolhemos e aceitamos o que estamos sentindo, podemos lidar com as conseqüências desse sentimento e até mesmo mudá-lo. Só podemos tratar aquilo que conhecemos, não podemos, portanto, nos furtarmos da dor e do sofrimento, nem mesmo podemos ou devemos disfarçá-los. Tudo que se vive intensamente é que se pode trabalhar e mudar dentro de nós, sem piedade ou complacência.

Interpretar os movimentos de construção e destruição como partes do mesmo devir criador” é o mandamento que nos ensina que a vida é feita de movimentos de morte e renascimento contínuos e concomitantes que nem sempre são trágicos como sempre imaginamos. Partes nossas morrem para que outras possam nascer num claro movimento de progresso emocional e afetivo.

A obra fala ainda das atitudes humanas atuais na busca de companhia eterna, porém irreal. O livro mostra uma visão clara e ao mesmo tempo triste em que as pessoas buscam amor, casamento, filhos, para se sentirem plenas e completas. Porém, essa busca nem sempre é verdadeira e, na maioria das vezes, representa apenas o deslocamento afetivo, ou seja, as pessoas cansadas das frustrações amorosas tentam enganar-se buscando algo fantasioso ou irreal para não mais perderem afetos – num claro sentimento de compensação das frustrações.

O livro coloca em foco a identificação do que é real e no que é fantasioso a respeito dessas escolhas existenciais, no medo das mudanças que justificamos como perdas, as quais nos paralisam, nos instigando a conhecer os próprios desejos reais e não aqueles substitutivos ou compensatórios.

A leitura dessa obra nos faz direcionar o olhar para dentro de nós mesmos em vários aspectos, nos permitindo digerir certas experiências emocionais vitais que muitas vezes foram aterradoras, mas à luz da psicanálise percebemos que representam apenas evolução e amadurecimento.

Além desses pontos que menciono, a obra traz inúmeros outros pontos e ensinamentos incríveis que nos fazem refletir.  Boa leitura!


Confira mais informações na fanpage da Editora Sulina www.facebook.com/editorasulina

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